domingo, 1 de agosto de 2010

O Formato Longo no Brasil



Este mês aproveitei para assistir espetáculos de impro que trabalham o formato longo. Peças improvisadas com uma hora de duração. Como o improviso de longa duração busca aprofundar a relação entre os personagens em cena, é um trabalho de ator/autor que exige coragem, treino e confiança para dar certo.

Atualmente existem duas peças em cartaz com essa proposta no Brasil.

No Rio de Janeiro o espetáculo "Dois é Bom" com Claudio Amado e Ana Paula Novellino (Teatro do Nada) e em São Paulo o "Caleidoscópio" com o grupo Jogando no Quintal, dirigido pelo talentoso Marcio Ballas.

"Dois é Bom" investe na relação entre os personagens criados durante a peça. Claudio Amado abusa de sua versatilidade, criando caracterizações interessantíssimas, sempre contracenando com Ana Paula, que investe a fundo na relação, criando histórias lúdicas e singelas, alcançando o público com emoções dignas de bons roteiros escritos para esse fim. Como, por exemplo, um avô que vive com sua neta que trafica loló e lhe realiza um "desejo", um motorista de bugre em Natal que leva sua paquera para passear, mas não tem a recíproca desejada de romance. E até mesmo uma alta executiva deprimida e com tendências suicidas, que vai ao terraço do edifício onde trabalha e é convencida a não se matar pelo zelador que lá se encontra e que no final se revela um anjo. As histórias são ancoradas na realidade o que torna mais fácil a identificação com o público.

"Caleidoscópio" tem uma produção primorosa, com uma luz belíssima. Os atores são fantásticos,fico impressionado com a precisão corporal deles. Mas as histórias (todas no dia que eu vi) são calcadas no surrealismo: como o homem que consegue medir superfícies precisamente ao passar a língua sobre elas, um rapaz que quer fazer uma pinta cabeluda em forma de barata nas costas para impressionar a namorada ou um outro da alta sociedade que apresenta uma boneca inflável para sua família em um jantar formal, dizendo ser o amor da sua vida. Essas histórias contadas por esses palhaços magníficos rendem boas gargalhadas o tempo todo e compõem um bom espetáculo. Mas senti a falta de emoções mais profundas que um formato longo é capaz de proporcionar. Na peça que eu assisti apenas a última cena chegou perto de uma emoção diferente. Mas o espetáculo é sempre divertidíssimo e vale a visita ao teatro.

O Impro surpreende pela variedade que é capaz de abranger em seus formatos curto ou longo - a imaginação é o limite! E sempre ha espaço para aqueles que querem se arriscar a pular em um palco vazio para preenchê-lo com as idéias que lhe surgem na cabeça.

2 comentários:

  1. Parabéns pelo blog rapaziada!
    Po ainda não assisti o "Dois é bom",to dando mole..Mas vou ver com certeza
    Sou fã de vcs grande abraço

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  2. Fiz uma oficina de impro há pouco tempo, em que criávamos cenas sem buscar necessariamente o riso, com outras propostas e objetivos. Achei sensacional.
    Ainda não assisti espetáculos long form, mas pelo que conheci na oficina, imagino que seja uma vertente muito boa de improvisação.
    Sempre válido ver que tem mais gente por aí estudando e se interessando pelo improviso.

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