quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Improvisação Teatral e Musical


A proposta do curso é criar um espaço onde seja possível desenvolver e experimentar o método "Impro", com atores e não atores. O curso desenvolve um método para que aos poucos possamos desfazer as barreiras que adquirimos ao longo de nossa vida, e que nos impedem de correr riscos, de sermos nós mesmos no ato de criação. Ao final de seis meses, haverá uma apresentação pública.

Dias e Horários: 4 feiras das 18 às 20h e Domingos das 16 às 18h
Duração: 6 meses Quórum máximo: 12 alunos Investimento: 190,00

IAB - INSTITUTO ARTÍSTICO BRASILEIRO
Av.das Américas, 1917 - Bloco A - Cobertura 08
Barra da Tijuca - Rio de Janeiro
(21) 3553.9478 / 3153.1910 / 7844.1386
www.institutoartistico.com

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Bincando Com Impro 1


Vamos Iniciar a Sessão Bricando com Impro, que trará sempre um novo jogo para vocês testarem. Divirtam-se:


Fast Food Stanislawski

Como funciona

Pegue dois jogadores para fazerem a cena, talvez dê a eles uma plataforma ( um título, uma locação) mas também lhes forneça um subtexto para seus personagens. Exemplos de subtextos:

• você deseja seduzir o outro;
• você é um “nerd”;
• você gosta de fazer as pessoas rirem;
• você quer impressionar os outros;
• você é obsceno;
• você tenta ser uma pessoa comum
• você é um otimista / pessimista
• você acha que nunca encontrará seu namorado / namorada

Notas

Se você for utilizar este jogo em um curso, pode ser uma boa idéia perguntar aos alunos como cada um se comporta quando lhe é dado determinado subtexto. Enfatize que você busca um comportamento naturalista, o mais próximo da “verdade” quanto possível).
Esta é uma excelente técnica para se encontrar um personagem. Você pode até mesmo utilizá-la em uma apresentação dê a si mesmo um subtexto quando subir ao palco e veja no que dá.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Bloqueio (Teoria)


Traduzido por Flávio Lobo

(Keith Jhonstone´s Theatresports © and Life -Game News-Letter© - NewsFour – June 1992 – Revised edition)

Bloqueia-se uma idéia (ou intenção) quando o jogador a rejeita. Bloquear é a maneira universal de se obter cenas maçantes, ou seja, perder tempo sem que nada de interessante aconteça em cena.
Origem: Este termo era muito comum no “Royal Court Theatre Studio” no início dos anos sessenta, mas nós não éramos tão bons em perceber bloqueios, e ainda não entendíamos as complexidades. Mesmo o mais óbvio bloqueio nos escapava, especialmente quando acompanhados de gargalhadas da platéia.

Bloqueando e sendo “sonso”

O bloqueio ilude a platéia exatamente naquelas interações que ela pagou para assistir:

—— Cigarros?
—— Não obrigada.
—— Você quer que eu te dê um beijo aqui e agora?
—— Não, imagina! Seria como beijar um cinzeiro!
Isto provocaria algumas gargalhadas, mas não contribui para que aconteçam ações nas histórias. Se o beijo tivesse sido aceito então possivelmente algo teria acontecido.

Um marido diz:

—— Tem um barulho vindo do porão!
A mulher responde:
—— Quantas vezes eu tenho que lhe dizer que nós não temos porão?!

A platéia ri, mas agora os improvisadores nunca terão que descer estas escadas assustadoras! [Nota: eu suponho que deve haver um porão no mundo do marido, mas não no da esposa. Ela pode gritar quando ele começar a descer pelo chão sólido, algo como o jogo “dupla realidade”, mas o bloqueio é uma apenas uma tentativa de se manter a salvo, sempre no controle da situação, então qualquer idéia ameaçadora será aniquilada imediatamente].

Alguns improvisadores são como lutadores de luta livre que se negam a ceder a chance de seu oponente dar seu último golpe e ganhar o jogo.

—— Café?
—— Chá, por favor.
—— Aceita um cookie de chocolate?
—— Não teria um biscoito de baunilha?

Alguns bloqueiam até suas próprias idéias:

—— Gostaria de nadar?
—— Ótimo!
—— Oh! Ia me esquecendo! Esvaziei a piscina hoje de manhã.

O que é um bloqueio?

Quando ensino a não bloquear eu procuro recrutar juízes cujas decisões nós concordamos ser a decisão final. Procuramos sempre manter as discussões sobre as cenas até termos visto exemplos o suficiente.
Em caso de dúvida esses juízes devem se perguntara si mesmos: “A oferta é positiva ou negativa? Ela avança a narrativa ou a trava?”.

—— É o Cristo Redentor ali?
—— É o Rio de Janeiro!

A oferta implicaria que os jogadores estavam olhando para o Cristo Redentor. Como o Cristo se situa no Rio de Janeiro, argumenta-se que não houve bloqueio da ação do jogo.

E se a próxima oferta for:

—— Próximo slide por favor. Ah! Esta é a praia de Copacabana onde fizemos as oferendas para Yemanjá.

Os jogadores não estão mais no Rio de Janeiro, pelo menos eu duvido disso, pois eles estão em uma apresentação de slides. Alguém pode argumentar que isto “bloqueou” ou “Cancelou” toda a plataforma do Rio de Janeiro, mas nada no interesse da platéia foi alterado.

—— Próximo slide por favor...
—— Meu Deus.... Aquela é minha mulher!
—— Oh... Er...
—— Eu pensei que ela estava visitando sua tia em Singapura e ela estava no Rio de Janeiro com você Beto?

Certamente que a platéia está atenta a este desenvolvimento.

Se alguém diz:

—— Você viu o último filme que está em cartaz?

E ganha um “não” como resposta.

Pode parecer para todos como um óbvio bloqueio. Mas nesse caso tanto o não como o sim são aceitáveis, pois ambas as respostas poderão levar a história adiante.
Exemplos:

Positivo  Sim. Eu achei seu desempenho nas telas espetacular.

Ou

Negativo  Não. Vamos ver, está passando aqui pertinho!

(Nota do tradutor: Notem que tanto o sim quanto o não vêm acompanhados de ofertas generosas que conduzem à ação. O sim ou o não sozinhos tornam a cena estática. Você joga a batata quente para o outro se virar.)

Outro exemplo:

- Onde você está indo?
- Para minha aula de datilografia.
- Mentiroso!

Isso rejeita a idéia, mas a platéia estará menos interessada em ver a aula de datilografia do que saber o motivo dessa acusação. Este bloqueio está avançando com a cena, então argumento que este não é um bloqueio de forma alguma.

Bloqueio invisível:

O bloqueio pode ser invisível para olhos menos treinados:

- Com licença, doutor Jairo?
- Oh, eu não sou o Doutor Jairo.

Este bloqueio é claro, mas e se a resposta fosse:

- Oh, ele está no meio de uma cirurgia.

O jogador aceitou a existência do doutor Jairo, mas ao mesmo tempo recusou-se a ser o doutor Jairo. Alguém menos experiente poderia argumentar que esta resposta é obscura, mas dificilmente perceberia aí um bloqueio.

Pessoas que bloqueiam podem parecer sem talento, mas o ato de bloquear pode ser feito de maneira brilhante. Pedro finge que está alimentando os pombos e Irene diz:

- Eu reparei que você estava a comer esse alpiste.

- Sim, na verdade são cereais.

Pedro imediatamente rejeita a implicação de que ele é anormal, de que ele pensa que é um pássaro, de que está próximo de seu período de migração, que ele dá aulas de vôo, etc..., mesmo assim ele parece concordar com a idéia dela.

Agora um bloqueio que pode ser invisível para quase todo mundo: Ruth está alimentando um pássaro e Sandro diz:

- Céus! Um Pintassilgo pintado. O último da espécie.

- Sim É um Pantanaeirus avatrix. (Diz ela inventando um nome em latim). Eu estou escrevendo minha tese sobre ele.

Ela aceitou o pássaro e até se tornou uma “colega” observadora de pássaros, e uma que é provavelmente mais informada que ele, mas Sandro esperava uma resposta como:

- Oh meu Deus! Não! É o último da espécie.

Ou

- Nossa! É mesmo?

Ruth se tornou uma especialista a fim de bloquear a mudança de clima que estava sendo oferecida. Mas Sandro insiste:

- Oh não! Está morrendo!

- Meio dia, diz Ruth (inalterada): eles geralmente morrem nessa hora. - Ainda resistindo a qualquer transição emocional. O excesso de brilhantismo foi mal aplicado. A platéia gostaria de vê-la se emocionar, ser alterada pela oferta, mas ela teme perder o controle.

Bloquear pode envolver as expressões faciais do personagem, gestos e assim vai, por exemplo:

Ana está sentada em seu carro e falando com Breno quando seu marido chega e começa a fazer perguntas. Breno imediatamente envelhece quarenta anos e estabelece que ele é apenas um “carona”. Ele argumenta que estava tentando ser original, mas eu o vejo recusando o papel de amante, e bloqueando a tentativa do marido de deixá-lo em perigo.

Outro exemplo: Carol finge estar em um bar quando Edu a oferece um drink. Edu está agindo muito estranhamente e Carol também vai ficando cada vez mais esquisita, tanto quanto ele. Eles então se tornam gêmeos. A intenção dele seria constrangê-la (o que a platéia gostaria de ver) mas por estar imitando sua bebedeira ela se torna invulnerável. Para um observador casual isso pode ser percebido como se ela estivesse sendo sempre maravilhosamente cooperativa, mas não é o que ocorre.

Usos Construtivos

Aos iniciantes deve – se ensinar a não bloquear (Pois estes sempre bloqueiam como forma de defesa). Mas o bloqueio pode atuar como uma valiosa resistência. Alguns jogos são, inclusive baseados em bloqueios (“Troca de papeis” e “Dupla realidade”). O improvisador mais interessante é normalmente aquele que luta para alcançar algo que tenha algum valor, e que quebra e atravessa todas as barreiras – Mas se você remover o bloqueio não haverá nenhum obstáculo.

Bloqueios (Jogos)

I – Ambos os jogadores bloqueiam:

Este jogo é freqüentemente jogado antes do início de uma partida de Impro, como demonstração do que nós não queremos que aconteça em cena. E é quase sempre seguida de outra cena onde as idéias são sempre aceitas.
Muitos jogadores irão ignorar as idéias no lugar de bloqueá-las, mas não é esse o objetivo deste jogo. Por exemplo:

- Olá! Você está atrasado.
- Tocarei agora a sonata ao luar de Beethoven em minha gaita de foles!
- Não íamos jogar tênis?
- Aqui Totó vem... Bom garoto!

Peça aos jogadores que não ignorem, mas que aniquilem qualquer idéia vinda do outro jogador (muitos improvisadores fazem isto prontamente sem se perceber do fato).

- Olá você está atrasado!
- Não para você, eu não falo com estranhos.
- Nós não somos estranhos! Olhe para esta foto que tiramos juntos!
- Isto não é uma foto, é minha carteira de motorista.
- Acho então que vou chorar sobre sua carteira!

O jogador que aceitou a carteira de motorista perdeu o jogo (tratar a carteira de forma negativa não é o mesmo que aniquilar a idéia.)

Bloquear é uma forma de hostilizar, normalmente deixa todos deprimidos. Mas pode ser engraçado ver improvisadores destruindo cada idéia instantaneamente, enquanto se mantém estranhamente alegres.

II - Ambos Aceitam

- O que é aquilo flutuando no mar?
- Parece um corpo. Você sabe nadar?
- Claro que eu sei nadar.
- Bem, melhor nadarmos até lá para trazê-lo até a praia.
- Antes tarde do que nunca.
- Espero que a água não esteja muito fria.
- Gelada.
- Você está bem?
- Er... com um pouco de frio. Não vai entrar?
- Com prazer! Aughh!
- Fria?
- Gelada!
- Eu te disse!
- Certamente, eu ouvi, Augh!
- O que está acontecendo?
- O corpo ele está me segurando!
- Mas ele já deve estar morto há mais de uma semana.
- Há pelo menos uma semana. Não está reconhecendo?
- É Bill. Ele voltou para cobrar os quarenta reais que nós estamos devendo a ele.
- Tire ele de cima de mim!
- Pronto! Vamos nadar de volta à praia.
- Vamos! Que pesadelo!
- Será que estamos sonhando?
- Tenho certeza disso. Lá vem ele! Eu tenho vinte reais me dê os outros vinte.
- Tome.
- Entregue para ele.
- Aqui está Bill, não gaste tudo de uma vez. Peraí, se isso é um sonho nós podemos fazer ele sumir.
- Você tem razão, ele sumiu.
- Sim sumiu. Com os meus vinte reais!
- Espere um momento! Se isso é um sonho, podemos fazer tudo que quisermos!
- Vamos congelar o oceano.
- Feito!
- Uau! Olhe pra isso!
- Vamos andar sobre ele.
- Segure minha mão.
(ELES SIMULAM ANDAR NO GELO)
- Eu gosto de você Carlos.
- E eu gosto de você também Geraldo.
E assim vai até que tenhamos visto o suficiente, ou até que alguém mate uma idéia.